Muitas vezes nos prendemos à figura estereotipada do gay alegre e divertido, da lésbica forte e muito segura de si ou de vários outros estereótipos que a sociedade impõe à comunidade LGBTQIAPN+. A saúde mental tem sido um tema amplamente discutido nos últimos anos, com crescente atenção voltada para grupos vulneráveis que enfrentam desafios específicos. Entre esses grupos, a comunidade LGBTQIAPN+ se destaca pela alta incidência de depressão e ansiedade. O preconceito social não apenas marginaliza essas pessoas, mas também as coloca em situações de vulnerabilidade extrema. O medo constante de violência física e verbal, a possibilidade de serem rejeitadas ou abandonadas por seus entes queridos, e a falta de aceitação em ambientes de trabalho e sociais são gatilhos poderosos para o surgimento de transtornos mentais. Dados da violência psicológica Um estudo recente, divulgado pela Quiddity no Brasil (2023), traz dados preocupantes sobre a relação entre suicídio e pessoas LGBTQIAPN+. Dados mostram que 50% dos brasileiros que se identificam na comunidade LGBTQIAPN+ sofrem de ansiedade, 24% de depressão e 15% de crise de pânico (versus 34%, 15% e 6% respectivamente entre heterossexuais). Falando em mundo, segundo dados da The Trevor Project (2021), uma pesquisa realizada com 34 mil jovens nos EUA, entre 13 e 24 anos que se identificam como parte deste grupo, mostra que 45% “consideraram seriamente uma tentativa de suicídio. Além disso, as taxas de depressão e ansiedade entre pessoas transgênero são ainda mais elevadas do que entre outros subgrupos da comunidade LGBTQIAPN+, e a tentativa de suicídio é alarmantemente alta. Pessoas transgênero enfrentam desafios particulares dentro da comunidade LGBTQIAPN+. Além do estigma e da discriminação comuns a todos, elas lidam com a disforia de gênero, que é a angústia resultante da incongruência entre a identidade de gênero da pessoa e o sexo atribuído ao nascer. No Brasil, em 2023, É importante ressaltar também que houve um número significativo de suicídios, com 30 casos registrados (10,99%) - dados do Observatório de Morte e Violência LGBTI+. Os jovens são colocados em maior risco devido à forma como são estigmatizados e violentados na sociedade. Dados que fazem parte de uma realidade Um dos principais fatores que contribuem para essa disparidade é o estigma e a discriminação sistemática enfrentada pela comunidade LGBTQIAPN+. Desde a infância, muitas vivenciam situações de rejeição familiar, bullying escolar e exclusão social. Essas experiências negativas, quando persistem ao longo da vida, podem levar ao desenvolvimento de transtornos como a depressão e a ansiedade. A falta de acesso a cuidados de saúde adequados, a ausência de suporte social e a transfobia sistêmica são fatores que exacerbam a vulnerabilidade desse grupo.
A validação da identidade de gênero e o acesso a tratamentos médicos necessários, como terapia hormonal e cirurgias de afirmação de gênero, são essenciais para a saúde mental de pessoas trans, mas muitas vezes são negados devido ao preconceito e à falta de políticas públicas inclusivas.
Ambientes de trabalho e instituições educacionais inclusivas também são fundamentais para a saúde mental dessa comunidade. Quando essas instituições adotam políticas de inclusão, diversidade e respeito, as pessoas LGBTQIAPN+ têm um maior senso de pertencimento, o que pode reduzir significativamente os níveis de estresse e ansiedade.
Outro ponto crítico é o acesso a serviços de saúde mental que sejam sensíveis e competentes para lidar com as necessidades específicas da comunidade LGBTQIAPN+. Muitos profissionais de saúde ainda carecem de treinamento adequado para atender de forma inclusiva e respeitosa, o que pode agravar o sofrimento dessas pessoas. Políticas públicas que garantam o acesso equitativo a esses serviços são fundamentais para reduzir a incidência de problemas de saúde mental na comunidade.
A alta incidência de depressão e ansiedade na comunidade LGBTQIAPN+ é um reflexo das diversas formas de discriminação e exclusão social que essa população enfrenta. Para reverter esse cenário, é necessário um esforço conjunto que envolve a promoção de ambientes mais inclusivos, o fortalecimento de redes de apoio, a capacitação de profissionais de saúde mental e a implementação de políticas públicas que assegurem os direitos dessa comunidade.
A luta pela igualdade e pela inclusão não é apenas uma questão de direitos humanos, mas também de saúde pública.
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