Não dá para deixar de concordar que tecnologia e sexo são temas cada vez mais próximos. Tanto para facilitar que o sexo aconteça quanto para dar/sentir prazer. Mas essa junção também tem levantado discussões sobre questões éticas e sociais cada vez mais complexas.
Fazer sexo pode ser algo muito antigo, mas a forma como as pessoas têm buscado com que as relações sexuais aconteçam mudou consideravelmente e devemos isso aos avanços tecnológicos. A começar pela adoção de aplicativos de encontros, como Tinder, Grindr e Bumble etc, que facilitam a conexão entre indivíduos, permitindo que pessoas se conheçam e interajam com base em interesses comuns, atração física e preferências sexuais. Acredita-se que essas plataformas democratizaram o acesso a potenciais parceiros...acredita-se também que elas alteraram a dinâmica do namoro, tornando as relações mais transitórias, efêmeras e, por vezes, superficiais. (polêmica à vista!!!).
As redes sociais, como WhatsApp e Instagram, desempenham um papel crucial na criação de uma "intimidade digital". Já ouviu falar do termo SEXTING? Uma prática que consiste em enviar mensagens de teor sexual (os tais "nudes") como uma forma comum de expressão sexual entre casais e também entre pessoas que estão se conhecendo.
Nos últimos anos, o mercado de tecnologia sexual (ou sextech) cresceu exponencialmente, com o desenvolvimento de dispositivos que prometem melhorar a experiência sexual. Vibradores, dildos e outros brinquedos sexuais ganharam novas funcionalidades, incluindo controle remoto que funcionam via aplicativo e inteligência artificial. São experiências sexuais mais personalizadas e interativas, permitindo que casais mantenham a intimidade mesmo à distância. Um exemplo é o crescimento dos teledildonics, que permitem que brinquedos sexuais sejam controlados remotamente, seja por um parceiro ou por um aplicativo. Algo que se tornou um grande aliado para casais em relacionamentos à distância, oferecendo uma nova maneira de manter a conexão íntima.
Quem assistiu ao filme "De Pernas Pro Ar 3" deve lembrar de como a realidade virtual (VR) e a realidade aumentada (AR) ganharam força no mercado do sexo e prazer. Lembram da personagem da Ingrid Guimarães tendo um orgasmo com um avatar do Cauâ Raymond? É sobre isso (relembre aqui). Essas tecnologias imersivas criam ambientes virtuais onde os usuários podem explorar fantasias e interagir com avatares digitais de maneira realista. O uso de VR no sexo, por exemplo, tem o potencial de transformar o mercado de vídeos adultos (vai vendo!). Onde mora o problema?
Embora a tecnologia no sexo traga inúmeros benefícios, como a inclusão de pessoas com dificuldades físicas ou emocionais em experiências sexuais, ela também apresenta desafios significativos. A dependência excessiva de dispositivos tecnológicos pode levar à desumanização do sexo, no qual a conexão emocional e física entre parceiros é substituída por interações mediadas por máquinas.
Outro pepino, digo, debate, diz respeito a questões éticas sobre consentimento, privacidade e exploração. A prática do Sexting, por exemplo, embora potencialize a intimidade e o desejo nas trocas de imagens/vídeos, também traz riscos relacionados a exposição indesejada, golpes, extorsão e a violação de privacidade - não podemos esquecer da disseminação de deepfakes (usa Inteligência Artificial para trocar o rosto de pessoas em vídeos, sincronizar movimentos labiais, expressões e demais detalhes, em alguns casos com resultados impressionantes e bem convincentes) - na politica isso tem sido usado como arma eleitoral...basta lembrar do caso Dória, nas eleições de 2018, em que vídeo em orgia em motel foi divulgado como sendo verdadeiro. O que esperar?
O futuro dessa união entre sexo e tecnologia está repleto de possibilidades e incertezas. À medida que a inteligência artificial se especializa, é provável que vejamos o desenvolvimento de companheiros robóticos e avatares digitais cada vez mais sofisticados, capazes de interagir com os pessoas de maneiras mais naturais e emocionalmente envolventes. Esses desenvolvimentos podem redefinir o que significa ter uma relação sexual e o papel da intimidade nas relações humanas - Hollywood já cantou essa pedra com o filme "Her"/2013 (ver trailler no final do post).
O uso da tecnologia nas atividades sexuais está transformando a maneira como as pessoas experimentam a intimidade e o prazer, oferecendo novas oportunidades de conexão consigo ou com outros(as). É um caminho sem volta! Mas, deixo aqui uma pergunta: o prazer de uma boa companhia humana poderá ser substituído?
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